BEIRÃ

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Beirã é...
…uma freguesia portuguesa do concelho do Marvão, com 44,79 km² de area, 498 habitantes e com uma densidade populacional de 11,1 hab/km².
Os símbolos heráldicos da freguesia da Beirã, apresentados em junho de 2004, são três elementos gráficos que têm a intenção de definir três momentos marcantes na vida desta freguesia: uma anta, uma locomotiva e uma “fonte”.
Apesar da formação desta freguesia contar ...
…apenas com sessenta anos de idade, e o aglomerado urbano nos finais do século XIX se cingir apenas a “quatro casinholas”, como nos diz A. Magalhães, o seu território é o que ostenta maior concentração e diversidade de sítios arqueológicos de todo o concelho de Marvão. O principal motivo para esta continuada ocupação histórica e, especialmente pré-histórica, está relacionada com a envolvência do Rio Sever e dos múltiplos pequenos regatos seus afluentes que drenam para uma paisagem multifacetada que constitui a freguesia da Beirã. Água em abundância, diversidade de solos e diferentes substratos geológicos geraram as condições necessárias para que desde épocas muito recuadas o homem procurasse este local.
Nas cascalheiras, junto ao Sever, existem...
…vestígios de vários acampamentos do Paleolítico, nas encostas suaves, essencialmente junto a estreitos vales férteis, as primeiras comunidades agro-pastorís, durante o Neolítico, aqui construíram os seus débeis povoados e aqui sepultaram os seus mortos em “eternas” antas.
Vinte e dois dólmenes mantiveram-se por mais de cinco mil anos nas terras desta freguesia, denunciando um muito denso povoamento entre o 3.º e o 4.º milénio antes de Cristo.
Com a estabilização da cosmopolita cidade romana de Ammaia...
…as terras férteis da freguesia da Beirã foram exploradas até à exaustão para satisfazer as mesas dos romanos abastados que viviam do outro lado do concelho de Marvão. Várias “villae”, casas agrícolas romanas, foram, há dois mil anos, acomodadas nas melhores terras da freguesia da Beirã.
Com o fim do Império Romano e o desaparecimento ...
…da Ammaia as terras da freguesia da Beirã presenciam uma nova reorganização económica e social onde, pequenos aglomerados urbanos, assentes numa economia muito fechada começam a constituir-se para albergar as gentes que, antes, dependiam da Ammaia. Dos vários povoados desta época conhecidos nesta freguesia são de destacar o do Monte Velho, o do Pereiro Velho, o da Broca e o do Vale do Cano. No entanto, o do Monte Velho é o que melhor se conhece, pois é o único que foi escavado parcialmente na década de quarenta do século XX. Estes locais foram sobrevivendo durante o conturbado período da denominada “Reconquista Cristã” e nalguns, testemunhados por reconstruções múltiplas, a ocupação humana chegou até aos nossos tempos.
O Penedo da Rainha é ...
…um dos locais com maior carga simbólica desta freguesia, este apresenta-se sob a forma de uma formação granítica com singular recorte fálico, não tendo passado despercebido aos homens do Neolítico e Calcolítico, atendendo às cerâmicas muito roladas que ainda ocorrem no pequeno abrigo que junto a ele se abre. Também em Novembro de 1518, à sombra deste imponente penedo terá descansado a terceira mulher do Rei D. Manuel I, a Rainha Dona Leonor de Áustria, irmã do Imperador Carlos V, donde lhe adveio o nome por que hoje é conhecido, Penedo da Rainha. No entanto este bloco granítico, cheio de história e tradição, encontra-se atualmente esquecido e abandonado.
Um outro dos locais desta freguesia que, pelo menos desde o Neolítico, foi constantemente procurado é a “Fonte da Maria Viegas”, também conhecida por Fadagosa onde, nos primeiros anos do século XX foi construído o luxuoso complexo termalístico, atualmente, também ele, totalmente esquecido e abandonado.
A história desta freguesia ficou...
…marcada de forma permanente com a construção do “Ramal Ferroviário de Cáceres” e a consequente instalação da Estação dos Caminhos-de-ferro. Para o concelho de Marvão e especialmente para a Beirã o pragmatismo do governo liberal espanhol foi fundamental para o seu desenvolvimento. Com a colaboração do Eng. D. João da Câmara foi, então, delineado o traçado da linha, passando pela Beirã, apesar dos muitos protestos das gentes da rica freguesia de S. Salvador da Aramenha.
Passados cerca de cento e vinte anos...
…da abertura do Ramal de Cáceres à circulação normal de comboios pode dizer-se que a passagem de comboios veio permitir a instalação da estação, e com ela vieram a alfândega, os despachantes, a Guarda Fiscal, a PIDE, os ferroviários, o comércio, as habitações, o Clube, o Teatro e a Família Vivas. Na história desta terra fica também a fixação na aldeia do espanhol de Valência de Alcântara, Manuel Vivas Pacheco. O seu filho, Manuel Berenguel Vivas, manteve o ritmo empreendedor de seu pai e marcou de forma inegável a economia e a sociabilidade desta aldeia. A ele se ficou se deve a construção da Igreja de invocação de Nossa Senhora do Carmo, benzida a 16 de Julho de 1944 e para qual foram transladados os restos mortais de Manuel Vivas Pacheco e de sua mulher Carmen Berenguel L’Hospitaux. A invocação desta Igreja a Nossa Senhora do Carmo deveu-se à forte devoção que Carmen L’Hospitaux dedicava ao seu culto. Sabe-se, contudo, que anteriormente, na Beirã, pelo menos em 1916, teria existido uma outra capela na qual casualmente era celebrada missa. A religiosidade da Família Vivas ficou, também, bem assinalada através do esforço e dedicação de Manuel B. Vivas na instalação da congregação religiosa que, ainda hoje, ocupa o Convento de Nossa Senhora da Estrela de Marvão e nas várias capelas que mandou construir por todo o concelho.
A história da Beirã...
…principalmente durante a Segunda Grande Guerra, ficou marcada por episódios muito interessantes relacionados, fundamentalmente, com o volfrâmio e com o controlo da exportação de produtos para a Alemanha Nazi, provenientes de um país que se dizia neutro.
Com a abolição das fronteiras os comboios já não param na Beirã, aqui passando a grande velocidade e, ao mesmo ritmo, esta aldeia viu partir a Alfândega, a Guarda Fiscal e os ferroviários.
santana